Descobri que na percepção humana de tempo em que se refere a ideia de “passado” não existem “Metades”, descobri também no que se refere ao “futuro” é ainda um pouco pior; não existem “Inteiros”, e que falar de passado ou de futuro implica sempre em falar de uma percepção de tempo alterado, de um Presente fabricado a cada segundo, de um tempo imaginário qualquer como se tudo fosse sempre o Presente mesmo ao nos referirmos ao passado ou ao futuro: tudo é algum tipo de tempo Presente; verdadeiro ou falsificado. Neste exato momento em que escrevo este texto percebo que não existe nada fora do Tempo do Agora, seja por puro imediatismo, por inúmeros tipos de achismos ou crendices, por imprecisões próprias ou mesmo por falta de compreensão da realidade; tudo é uma relação de aparente conexão no Tempo do Agora, mesmo quando não há de fato nenhuma conexão nós tratamos de inventar uma. É um tipo de dependência auto ilusória; onde o passado nunca passa e o futuro nunca chega.
Difusa é a imaginação humana – e assim – Difusa se torna a Vida, repleta de imprecisões, e acredite! A Vida está presente mesmo quando silenciosa, espalhando-se por todas as direções, conhecida mesmo quando dela não se faz divulgação, abundante mesmo quando nada é dito a ninguém, eterna mesmo quando em permanente ameaça. Em contrapartida se torna prolixa principalmente quando tenta dizer tudo, com seus raios a se espalharem em confusão quase que constante, perene quando tenta preencher os espaços como as sombras causadas pela incidência da luz, como a existência humana, eternamente dependente do próprio pensamento. Com ou sem contornos nitidamente definidos e ao mesmo tempo sem limites delimitados, estabelecidos, confusa, sempre confusa até mesmo quando transparece alguma clareza, e sem nenhuma precisão vai se fazendo presente, e ocorre como acontece com a Palavra, assim é nossa existência, e assim tem sido a Vida; uma relação imagética do Tempo com a Palavra.
Eu não possuo nada, logo não seria necessário nem cabível eu apostar tudo que tenho, é provável que esta ideia também vem a ser mais uma Ilusão do pensamento humano, mais um dos muitos pensamentos imprecisos aqui apresentados, pois ao ter consciência de que não possuo nada – senão minha própria Vida – pergunto: como de fato poderei possuir alguma coisa que não esteja vinculada diretamente ao ato de existir? E se de fato assim o for, como posso por todos os dias ser tão negligente com a minha própria existência? Como posso ser tão relapso com minha própria Vida? Logo, o que me faz pensar que eu poderia apostar algo que não possuo? Não! Certamente que não. Então, ficamos assim – de hoje em diante – acabo de concluir que não aposto mais nada! Não aposto contra e nem a favor de nada, muito menos contra o tempo e contra a Palavra.
Vamos fazer um breve resumo do que já foi dito; sem maiores riscos, o faço em primeira pessoa por puro capricho, uma breve revisão do que foi citado; a imaginação é falha, as imprecisões do conceito de realidade são superficiais, a percepção do tempo é ilusória, o não possuir é fato, e ainda temos que considerar o negligenciamento que começa a partir de nós mesmos com nossas próprias vidas. Ufa! É muita coisa, eu sei!
Esse texto não deve ser encarado apenas como um jogo de palavras qualquer, mas infelizmente pode ser sim um jogo de Vida ou morte, o que de fato é muito pior. Ao mesmo tempo não passa de um apontamento dos riscos que contornam o ato de existir, quando a humanidade permanece sempre na imprecisão a acreditar em ilusões, todo o resto pode desmoronar com facilidade. Aí sim, de maneira insana, vira um jogo de palpite repleto de imprecisões entre acertos e erros. E a palavra como o veneno mais perigoso quando mal utilizada!
Para tentar abreviar o sentido de tudo que foi dito nesse texto, ciente de que não há mais tempo para mais e mais divagações, vamos agora tentar ir direto ao ponto apresentando um breve resumo, e dentro do possível; conciso.
Nesse exato momento em que somos capazes de reconhecer que estamos presos no Agora – podemos concluir que a Vida e a Liberdade caminham juntas sem perceber as ameaças que ao redor, clamando da nossa parte por mais cuidado e atenção, ainda que somos livres até para discordar das mais bobas ideias. Porém, nesse momento do Agora, ficcional ou não, devemos prestar os devidos cuidados em respeito a Vida. Os cuidados constantes e a manutenção da Vida – tudo o que de fato deve importar para cada indivíduo, e isso, de fato, é tudo o que nos resta a fazer eternamente! Cuidar de nossas Vidas preservando a Liberdade, a Família e os conhecimentos advindos da Tradição – a qualquer custo. Todo cenário diferente que se apresente deverá ser repensado e analisado como possível ameaça! Devemos nos unir contra qualquer atitude que seja “Imposta”, ou quem sabe pra dizer melhor “Imposto” (trocadilho infame, porém oportuno), resistiremos contra a escravidão que tentam nos enfiar goela abaixo, teremos sempre que resistir, resistir, resistir!
Uma Vida livre de preocupações não existe, seria só mais uma ilusão acreditar na Liberdade desvencilhada da eterna vigilância; condição básica para manutenção da Vida. Essas ilusões existem como uma porta aberta para o perigo, negligenciamos os riscos de maneira gratuita, o que infelizmente poderá até representar nossa morte em Vida. Não é exagero! Sem assumir as próprias responsabilidades por tudo que cada um faz a si mesmo, teremos que nos contentar com as migalhas das memórias de um Tempo que não existe mais ou que nunca existiu, de uma falsa segurança que nunca nos acolheu. A ilusão de segurança é mais um estratagema do inimigo a fim de confundir nossas mentes, mais uma ilusão com a intenção de quem sabe assim nos deixarmos permanecer na distração até o dia da despedida terrena, inconscientes da própria existência, da própria Vida, sem saber que talvez muitas dessas “memórias” e “pensamentos” nunca fizeram parte da realidade. Assim, para a geração do imediatismo induzido, continua firme a possibilidade real de que mesmo o tempo Presente não passará jamais de mais uma ilusão. Isso de “segurança” (ou sensação de segurança) não existe, ainda mais sem que haja um grande risco, somente nos resta o alto custo da eterna vigilância!
Estar Vivo é a condição mínima por nossa permanente luta pela Vida e pela Liberdade!