Uma pessoa egoísta é aquela que se coloca no centro do seu próprio universo, que prioriza apenas a si mesma em relação aos outros, o que não significa necessariamente que despreze os outros, apenas que é um ser humano que percebe a si mesmo como o mais importante dos seres, que prioriza o próprio Ego; egocentrismo. Coisa muito comum mesmo quando a pessoa não pratica o egoísmo de caso pensado, como na maioria das vezes é o que acontece, ter ou não a intenção pode muito bem não mudar os resultados.

Essa supervalorização de si mesmo não é totalmente negativa, como muitos podem pensar, mas em muitos casos pode ter seu significado prático e muito positivo, porém, pode haver casos em que o resultado pode ser bem negativo, ou seja, não é constante e nem garantido que o resultado seja bom ou ruim. Em seu livro “A Revolta de Atlas”, a autora Ayn Rand demonstra e propõe que no Objetivismo o ser egoísta contribui de maneira positiva para a sociedade, por muitas vezes, mesmo que de maneira contraditória, colabora com a sociedade ao agir de maneira contrária a altruísta, porém, pode obter resultados semelhantes ou até mesmo superiores em comparação ao benevolente, o que por si só já é bastante contraditório, pois como podemos conceber que uma ideia que aparentemente é negativa e pouco colaborativa pode obter resultados positivos acima do altruísmo? Muito simples, não há garantias de que existe um pensamento humano, uma ideia, uma ideologia que seja por si só garantidora de sucesso só porque alguém quer acreditar que deva ser assim, nada ou quase nada das relações humanas pode ser medida e ser aferida como sendo coisa positiva somente porque alguém o quer assim, se fosse tão simples, o mundo seria um paraíso sempre, em qualquer momento e em qualquer lugar. O resultado de nossas ações deve ter no mínimo a mesma importância ou até mais do que nossas vontades, desejos e pensamentos, nossas ideias passam a ser ruins quando o resultado de nossas ações decorrentes de nossos pensamentos proporciona dor e destruição a terceiros por onde puder alcançá-los. Do que adianta uma “linda’ e “maravilhosa” teoria cujo resultado é morte e escravidão?! Em contrapartida no objetivismo Ayn Rand demonstra que o egoísmo possui seu lado positivo quando o resultado de suas ações apresenta acréscimo de riqueza e aumento de benefícios alcançando a maioria e não somente a pequenos grupos envolvidos por tais comportamentos, ou seja, riqueza para todos – mesmo que de maneira desigual – é melhor do que miséria para todos de maneira igualitária.

 Não é o caso de ser contra ou a favor do Objetivismo, mas é importante frisar que nenhuma teoria é – ou será – suficientemente boa ao não contemplar o que de fato nós somos; seres errantes e imperfeitos, se abandonarmos nossas características específicas que nos tornam o que somos – como humanos – o que passaríamos a ser depois de nos desumanizarmos sem ter mais estas características? O Super-Homem de Nietzsche falhou, o socialismo falhou, o comunismo falhou, o marxismo cultural falhou principalmente quando obteve “sucesso” (pode parecer contraditório, mas não é; quanto maior for o alcance do marxismo cultural, maiores são as chances de a sociedade perceber seus malefícios), são ideias desconexas da realidade, podemos sonhar e imaginar coisas, mas a realidade não costuma perdoar devaneios, utopismos; o resultado tem sido mais e mais miséria e mortes. É como tentar forçar um triângulo dentro de um quadrado, somos o que somos, e tudo o que podemos fazer é tentar melhorar, porém, sem ignorar o que somos em essência; temos uma necessidade de crença transcendental, acreditamos em um ser superior que é Deus (não adianta tentar substituir Deus pelo ateísmo, pois no máximo o que conseguimos é substituir o certo pelo errado, o verdadeiro pelo falso, uma religião verdadeira por uma falsificada), temos características psicossociais dúbias e inconstantes, nosso psicológico é duplo, isto é revelado em nosso comportamento por meio das palavras que indicam comportamentos maniqueístas, podemos melhorar; é certo, podemos nos conscientizar mais, podemos entender nossas limitações, mas não podemos ser outra coisa além daquilo que somos, caso contrário deixaremos de ser – seres humanos – tudo isto para sermos alguma outra coisa, geralmente pior e mais primitiva do que o que de fato somos, ou até mais insensível e indiferente como o que pode acontecer a agirmos como um robô.

Logo abaixo estão na sequência as definições de egoísmo, altruísmo, Bem (ou amor como uma representação do Bem) e o mal; não deveria ser necessário citar que o mal e o egoísmo juntos são devastadores para aqueles que passarem por uma experiência de aproximação, mas resolvi deixar aqui o registro; o altruísmo e o mal juntos não faz nenhum sentido, é algo algo como a água e óleo que não se misturam. O egoísmo associado ao Amor e ao Bem ainda podem produzir algum resultado positivo, mas certamente o Altruísmo (se possível consciente e criterioso) associado ao Amor e ao Bem serão imbatíveis em produzir bons resultados sociais para toda a humanidade. A grande questão é que o mal é sórdido, engana as pessoas de Bem e Altruístas com certa facilidade, então o problema estaria no Altruísmo ou na falta de conscientização do Altruísta em entender que nem todos os atos aparentemente benevolentes podem produzir e reproduzir resultados positivos e altivos, dignificantes, como aparentemente deveriam? Doar dinheiro para uma pessoa viciada certamente servirá de tentação para o consumo de drogas, alimentar alguém que se recusa a trabalhar mesmo quando está com saúde para trabalhar também não deixa de ter seus problemas, alienar uma pessoa com assistencialismo ad aeternum também é um tipo de escravidão. Por isto não devemos elevar o egoísmo como elemento preponderante (e isolado) para alcançar uma sociedade mais justa e desenvolvida, apenas não podemos mais ignorar que o egoísmo possui também aspectos positivos quando associado a elementos mais elevados como o Amor e a prática diária do Bem como ação intermitente e com critérios bem claros e objetivos a serem alcançados (o que torna tudo mais difícil de ser executado com perfeição, pois é muito difícil acompanhar os resultados de todas as nossas ações).

Assim, podemos continuar nossas jornadas em defesa de algum tipo “Bom” de egoísmo. O egoísmo pode se manifestar por inúmeras razões, mas o que pode mesmo importar para um egoísta são os resultados, afinal, havemos de considerar que uma pessoa que se torna egoísta diante da recusa em deixar de ser criança não é algo muito bom, como uma luta por manter viva a fantasia de sempre receber sem se preocupar com a contrapartida, descompromissada com a troca; a exacerbação do egocentrismo não trará bons resultados. Independentemente dos motivos, para quem convive com uma pessoa com essas características os resultados são sempre os mesmos, em algum momento as pessoas a volta começam a perceber a questão com mais detalhes e até começam a abandonar o egoísta, independentemente de sua tipificação. Deve haver algum tipo de egoísmo solidário com alguma garantia de resultados sociais positivos, porém, mesmo que isto não seja possível, já é fato que o egoísmo também pode ajudar a sociedade a melhorar, uma ideia não exclui a outra. continua…. (este trecho foi extraído do livro Maniqueísmo Social).

Egoísmo

Amor exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem. Exclusivismo que leva uma pessoa a se tomar como referência a tudo; orgulho, presunção. No kantismo, submissão do dever ao interesse particular, em detrimento da obediência à lei moral. No nietzchianismo, sentimento restrito a homem nobre e incomum, capaz de compreender o mundo do ponto de vista exclusivo de seu próprio interesse. Atitude ética ou social que parte do princípio de que o fundamento de todo pensamento ou ação é a defesa dos próprios interesses. Oposto é generosidade, empatia, altruísmo, filantropo, filantrópico, humanitário, generoso, caridoso, caritativo, desinteressado, desprendido, abnegado, bondoso, compadecido, liberal, desprendimento, abnegação, despojamento, equilíbrio.

          Altruísmo

Amor desinteressado ao próximo; filantropia, abnegação. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo.

Amor (Bem)

Forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais. Relação amorosa; caso, namoro. Afeição baseada em admiração, benevolência ou interesses comuns; forte amizade. Devoção, adoração. Devoção de uma pessoa ou um grupo de pessoas por um ideal concreto ou abstrato. O objeto de tal interesse ou veneração. Demonstração de zelo, de dedicação.

Ódio (mal)

Aversão intensa cuja motivação pode ser por inúmeros motivos como; por medo, aversão com ou sem fundamento, raiva, injúria sofrida; odiosidade. A pessoa ou a coisa odiada.

Objetivismo

Qualquer teoria que afirma a supremacia dos fenômenos objetivos sobre a experiência subjetiva. Doutrina filosófica, especialmente o Positivismo que considera o verdadeiro conhecimento como um processo tendente à captação precisa dos objetos externos, de maneira não deformada pela subjetividade cognoscente.

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