Sou um tolo, porque sou um Conservador que ama a vida e ama a liberdade; e acredita que por meio da propriedade privada conseguiremos proteger em certa medida, tanto a vida quanto a liberdade de todos, não somente de alguns, como é de costume por parte dos radicais e progressistas que criam uma super elite autoproclamada, de pessoas que se sentem ungidas por si mesmas. Tenho uma simpatia enorme pelos valores do passado, gosto de novidades, mas com critérios bem estabelecidos e claros.
Por saber que sou um tolo, logo não tenho problemas em assumir que sou um Conservador. Sei que existem estúpidos por todos os lados; progressistas, radicais de esquerda, isentões e até mesmo entre os Conservadores, mas não sou estúpido, sou apenas um tolo por acreditar que a vida, apesar de todas as suas aflições e problemas; é boa. Ao contrário dos progressistas e radicais de esquerda que são pessoas histéricas, descontentes, neuróticas, com desejos frenéticos e desmedidos por reinventar a roda, não vejo nenhum problema com a roda, não vejo nenhum problema com algo que depois de milhares de anos ainda não tenha sido superado por qualquer ideia esdrúxula.
Sou tolo, porque sou Conservador e não acredito que este seja o pior dos mundos, e nem que existe um mundo que seja perfeito, logo não caio na armadilha de amaldiçoar o próprio lugar onde vivemos, tampouco não acredito em fantasias, devaneios, quimeras, enlevos, utopismos.
Sou tolo aos olhos dos meus opositores que não entendem que o progresso é diferente de progressismo, e que é possível ser a favor do progresso e ao mesmo tempo ser extremamente contra o progressismo e suas ideias desenxabidas, sem noção, corruptoras de almas.
Sou tolo, pois acredito que qualquer sociedade saudável deva conter dois elementos fundamentais; Permanência e sua devida Progressão.
Segundo Russel Kirk;
“A Permanência em uma sociedade é formada por aqueles valores e interesses duradouros que nos dão estabilidade e continuidade; sem Permanência, as fontes do grande abismo são rompidas, e a sociedade cai em anarquia. A Progressão em uma sociedade é o espírito e o corpo de talentos que nos instam à reforma prudente e melhora; sem a Progressão, com o povo estagnado, a sociedade cai na letargia egípcia ou peruana. Por tanto, o Conservador inteligente se esforça para reconciliar as reivindicações de Permanência e as reivindicações de Progressão. O Conservador acredita que o progressista e o radical, cegos às reivindicações justas de Permanência, colocam em perigo toda a grande herança legada por nossos ancestrais em uma tentativa precipitada de nos conceder um futuro duvidoso de suposta felicidade universal”.
Sou tolo, porque sou Conservador e a favor do progresso racional e moderado. Sou contra os progressistas com seus achismos ou apenas porque são afeitos às novidades simplesmente porque se apresentam como “novidades” sem lastros, ou porque simplesmente são contra tudo o que é antigo, como se carregar uma áurea de novidade já seria o suficiente para uma coisa ser considerada boa, o que obviamente não faz nenhum sentido. O progressista é como um viciado em busca daquilo que no fundo irá destruir a tudo e a todos, mas sempre em nome do amor.
Sou tolo, porque sou Conservador e acredito que a mudança é essencial para uma boa sociedade, por meio de encontrar maneiras inteligentes de renovar a vida, pois o corpo que para de se renovar começa imediatamente a morrer, mesmo que demore algum tempo, mas para um corpo ser saudável, a mudança deve ser contínua e harmoniosa.
Sou tolo, porque sou Conservador e cuido para que nada na sociedade seja completamente antigo, mas também que nada seja absolutamente novo; esse é o meio de conservar nossa sociedade, assim como acredito que seja também o meio de conservar o nosso corpo físico.
Sou tolo, porque sou Conservador e considero perigosa qualquer mudança que signifique uma ruptura abrupta com os interesses e usos já estabelecidos, porém, se a mudança for inevitável, precisa alcançar benefícios reais e deve resultar do esforço voluntário de muitos indivíduos e associações, algo de tal grandeza não deve ser como uma coisa imposta pela presunção de alguma autoridade centralizadora.
Sou tolo, porque sou Conservador e não acredito que possamos mudar a natureza humana, pois a única mudança possível nesse campo não é coletiva, é individual e interna, pessoal e intrasferível.
Sou tolo, porque sou Conservador e sou a favor da ordem social e civil; o complexo de hábitos morais, estabelecimentos políticos justos, direito consuetudinário e meios para o livre mercado como resultado da “democracia dos mortos”, a considerar as opiniões ponderadas e da experiência de muitas gerações colocada na balança da sabedoria milenar.
Sou tolo, porque sou Conservador e sei que não nasci ontem, estou ciente de que todos os benefícios de nossa complexa civilização são o resultado do frágil engenho de muitas gerações, criação de esforços, esmeros e sacrifícios.
Sou tolo, porque sou Conservador e abraço o progresso, embora o progresso aconteça muito raramente na História, é real, pois é obra do artifício, da engenhosidade e da prudência humana e não um maquinário automático. O progresso é possível se finalmente empreendido em bases seguras de permanência, por tudo isso e muito mais, sou um Conservador.