É possível afirmar que o ser humano irá sempre se ocupar com alguma coisa, independentemente de ser algo muito simples ou complexo e mesmo que pareça que está a não fazer nada, ainda assim estará envolvido em alguma atividade consigo mesmo, seja uma questão pública ou não, secreta ou não, legal ou ilegal, ainda que este “fazer-alguma-coisa” poderá ser qualificado como algo bom ou ruim, certo ou errado, justo ou injusto, e que tal acontecimento sempre dependerá da sociedade em que este ser humano estiver inserido, assim, em uma sociedade sem Consciência Moral, coisas ruins poderão ser aceitas como sendo consideradas normais, e coisas boas poderão ser desprezadas por pura ignorância. Talvez não exista de fato uma razão-pura que possa determinar de maneira absoluta o que poderá ser este “bom ou ruim”, “certo ou errado”, é fato de que as chances são enormes para que não exista essa tal de razão pura, mas certamente existe uma ignorância-pura, um sentido esquizofrênico de quem faz questão de não-aprender e ainda se sente à vontade para impedir que os outros a sua volta aprendam algo. Para o jogo de manipulação e controle do sistema, quanto mais ignorante melhor, pois todos terão menos dificuldades em se enquadrar sem pestanejar e não irão perceber as armadilhas, o escravo não vai saber que é escravo, pois não haverá termos de comparação com outras pessoas, em uma sociedade em que ninguém é livre, a percepção de escravidão pode ser reduzida a nada, por mais dura que seja. Em uma sociedade em que se oprime o livre pensamento, o errado passa a ser quem insistir em dizer o que ‘pensa’, obviamente que esse possível pensar somente será castigado caso seja um pensamento dissonante ao que deve seguir a maioria, nesse caso, a maioria seria uma sociedade de escravos livres.

“Escravos livres” é o termo mais correto para representar uma sociedade em que não se pode mais contar uma piada sem correr o risco de ser preso ou sentir o peso de alguma represália seja do governo ou da opinião pública (vale sempre ressaltar que o termo opinião pública é uma frase sem sentido, algo totalmente manipulável que com certeza é tudo menos ‘opinião’, quando muito deveria ser chamado de algo como… “consenso inconsciente” da maioria), em que o politicamente correto é só um dos mecanismos de calar as vozes contrárias, a mudança da linguagem também limita em muito que uma pessoa reproduza ideias, o campo fica tão restrito que muitas questões mais complexas deixam de ser relatadas simplesmente porque a linguagem vai sendo aniquilada, principalmente com exclusão de palavras mais rebuscadas e mais abrangentes. Estamos muito próximos a viver da mesma maneira em que os russos viviam na antiga URSS, guardadas as devidas proporções, tendo em vista que a realidade hoje é bem diferente de 50 anos atrás, o controle hoje se faz de maneira mais ‘discreta’, os presos não vão mais para o gulags (campos de trabalho forçado), porém, muita gente tem sido censurada ou até mesmo presa sem um devido julgamento, situação em que o mesmo juiz que se diz vítima é também o julgador e o investigador de um processo do qual, senão é inexistente, ninguém tem o devido acesso, nem mesmo um advogado consegue saber quais os motivos de seu cliente ter sido preso, pois não há lei que tipifique o crime de opinião, quanto mais acesso ao que quer que possa ser esse tipo de ‘inquérito’, com a desculpa de que será melhor para a democracia, mas não é isso que está acontecendo na prática, aliás nada é mais antidemocrático do que impedir a livre opinião.

Muitas pessoas pagam altos impostos sem se dar conta de que o Estado já está lhes tirando quase tudo, você já deve ter ouvido dizer que supostamente o peixe não tem a devida noção de que está envolto em água, talvez um passarinho deseje a liberdade sem mesmo saber que a ideia de estar preso é algo intencional de um terceiro do qual ele, passarinho, não conhece, uma ação de voar, a liberdade de ir e vir, o direito de pensar o que quiser, o mundo está a cada dia ficando um lugar mais tranquilo para quem não se incomoda em ser escravo. Entre não fazer nada, entre não aprender nada, entre lutar ou aceitar a escravidão voluntária, escolho sempre pela luta de ter a liberdade de aprender, fazer ou dizer o que cada um bem entender. Não existe democracia entre escravos!

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