Os dicionaristas foram corrompidos, por isso, nesta questão, quanto ao verdadeiro sentido das palavras apontadas nos dicionários, encontramos mais uma das inúmeras tentativas de alterar ou até mesmo de subverter quase que totalmente, por completo, o sentido prático que a palavra representa ou deveria representar, pregando a pecha de atraso à palavra ‘conservador’ onde de fato em nada tem a ver com um e nem outro, não é o caso de pensar em avanço ou atraso. Conservador é apenas um conceito em se utilizar como base o que já é conhecido e que o tempo provou que funciona, o que há de atraso ou de avanço nesta questão? É somente uma posição, um campo de ação de quem entende que a história já nos provou muitas coisas, sendo que, ser – Conservador – enquanto conceito, nada mais é do que aprender com a tradição e preservar o que de bom o passado tem nos ensinado. Ao mesmo tempo – e até de maneira muito curiosa, para não dizer desonesta – nas pesquisas por palavras opostas a palavra Conservadorismo, uma palavra surge com certa frequência; liberal (no século XVIII ou próximo disso, poderia até fazer uma referência ao assunto de maneira mais assertada, mas hoje em dia? Não mais). Ser um liberal nos EUA ou na Inglaterra tem um sentido diferente do que ocorre no Brasil, onde muitos brasileiros ainda não se deram conta do quanto a palavra liberal tem de proximidade com o comportamento ligado a esquerda, todos defensores do materialismo e do ateísmo, o que significa que em algumas pautas haverá uma convergência, pois os socialcomunas (normalmente associados com os progressistas liberais, são quase como unha e carne), nos EUA os liberais (por meio do partido Democrata) são praticamente a mesma coisa que a esquerda brasileira (obviamente com características próprias e peculiares), se apoderaram de algumas palavras de maneira indevida com uma incrível semelhança com o que ocorre no Brasil, onde os progressistas se colocam como os ungidos (acima do bem e do mal), igualzinho a esquerda brasileira. No Brasil a confusão permanece causando estragos, onde a princípio ser liberal é ser contrário ao socialismo e ao comunismo, mas com relação a isso depende do assunto e do momento, pois dependendo da ocasião o oportunismo toma conta e quem se diz liberal como defensor da ‘vida’, da ‘liberdade’ rapidamente começa a defender restrições de maneira arbitrárias (como o que ocorreu no período da COVID no Brasil, quando muitos liberais defenderam a vacinação compulsória, obrigatória, contra a vontade do indivíduo), não se faz necessário debater aqui o consenso dos liberais e conservadores com a defesa do livre comércio, pois uma coisa estranha (e nada difícil de acontecer) é de ver um liberal associar-se aos socialcomunas em pautas ligadas aos costumes. Uma pessoa Conservadora sabe que o Conservadorismo incorpora os princípios e valores daquilo que o tempo demonstrou que dá certo sem invencionices bizarras, logo, o livre mercado já está sacramentado para quem já entendeu que esse é um aspecto que melhora a vida das pessoas. O conservadorismo sempre vai incorporar ideias que o tempo já demonstrou serem ideias certeiras. Você nunca vai ver um Conservador incorporar idéias e práticas socialcomunas, pois estas já demonstraram que não funcionam, em contrapartida, um liberal ao abraçar o progressismo – corre sério risco de perder o rumo da viagem e esquecer, ou deixar de lado, aquilo que justamente deveria separar dos sociocomunas alguém que se diz defensor da liberdade, pois ao se associar a um socialcomuna estará se juntando com as pessoas que defendem idéias que a história provou e comprovou que são um verdadeiro atentado a vida e a liberdade.
Na ciência política, Conservadorismo como a ideologia original de apego às raízes históricas de uma sociedade, as tradições e instituições herdadas, nos moldes preconizados pelo estadista irlandês Edmund Burke. Por extensão; qualquer ideologia fundada na tradição e geralmente contrária as ‘inovações’ políticas e sociais sem que haja uma referência no passado, como a considerar que uma casa não se constrói de cima para baixo e para isso se faz necessário, sempre, considerar os alicerces deixados por nossos antepassados. O Conservadorismo é um conceito político e social que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da civilização, sem temer as novidades, um conservador não sai dizendo por que não? Porque não é o mais correto para não sair abraçando qualquer coisa como sendo ‘legalzinho’, para qualquer coisa que se apresente supostamente como nova, mas sim – dizer – por que sim? Duvidando para somente depois descobrir se realmente é uma novidade e se vale a pena ser levada adiante. Considerando como algo que ainda não foi devidamente testada, sem critérios, sem o devido acompanhamento, não deve ser sacramentada.
Uma visão primitiva e deturpada tenta alocar o Conservador como uma pessoa que defende o atraso, o que é – com toda certeza – um argumento falso e deturpado. Sendo que a história tem provado que o progressista é que na verdade tem sido o responsável pelos atrasos sociais, que ao se disfarçar de novidade eles enganam com facilidade os desavisados. As idéias progressistas são responsáveis por boa parte das mazelas e dos atos violentos do século XXI, está mais para um movimento reacionário disfarçado de ‘bom-mocinho’, escondendo o real sentido da palavra revolucionário. Assim, baseado nos fatos da história, podemos afirmar que os reacionários e os progressistas são faces da mesma moeda, assim como o machismo e o feminismo, o socialismo e o comunismo, todos movimentos complementares em torno de um mesmo eixo do mal.
Roger Scruton ficou famoso mundialmente como Conservador de muita relevância na defesa da tradição e do avanço por meio da preservação dos valores morais, sociais, políticos e religiosos; famoso por ser contrário aos progressistas e por lutar contra às mentiras inventadas pelos socialcomunas diante da pretensão destes em serem ‘donos’ da verdade, como se fossem os únicos ‘representantes’ (obviamente autoproclamados) das aspirações populares, o que na prática também não condiz com nenhuma verdade ou realidade prática, mentiras frequentes por quem se auto intitula qualquer coisa que lhes dê alguma vantagem ou vitrine. Scruton defende a mudança frequente, mas apenas para as questões que possam proporcionar ganhos constantes para toda a sociedade, com a predileção aos pontos que deram certo no passado sem nenhum detrimento com relação as mudanças que de fato são capazes de proporcionar benefícios concretos e reais. Os Conservadores procuraram preservar as instituições, incluindo a religião, a monarquia (sendo que não é necessário que haja unanimidade nessa questão), os direitos de propriedade, a hierarquia social, enfatizando a estabilidade e a continuidade.
Os Conservadores são contrários aos elementos mais extremos – chamados reacionários – que se opõem ao moderno e buscam retorno ao mundo como as coisas eram antes, da maneira radical e inflexível, mas não sem antes disfarçá-las como novidade. Segundo Edmund Burke – “Reformamos para conservar”, ele que se opôs à Revolução Francesa, mas que apoiou a Revolução Americana, a ele é creditado como um dos principais teóricos do Conservadorismo na Grã-Bretanha. Para Burke a Revolução Francesa promovia a destruição da capacidade de o ser humano em se compadecer com o próximo e acertou no diagnóstico da época quando indicou que haveria um período de terror constante durante a revolução. De acordo com Quintin Hogg, Presidente do Partido Conservador britânico em 1959, “o Conservadorismo não é tanto uma filosofia, mas um conjunto de atitudes, uma força constante desempenhando uma função atemporal no desenvolvimento de uma sociedade livre e correspondente a uma exigência profunda e permanente da própria natureza humana”.
Com forte tendência a fazer análises realistas do comportamento humano, o pensamento Conservador não acredita em paraíso na Terra, ao contrário dos socialcomunas que ficam fantasiando e falsificando a realidade, e que por isso, os conservadores dependem dessa desconstrução da riqueza que a história da humanidade nos proporciona de maneira prática e real, tentam camuflar a verdade a fim de obter êxito em suas narrativas insanas, transloucadas. O Conservadorismo reconhece a precariedade do ser humano em uma visão realista do mundo, conforme citado na Bíblia – como o pecado original – e com incrível capacidade de discernimento defende que somos capazes de construir um mundo melhor partindo da tradição, e não o contrário disso.
A visão de mundo compartilhada pelo Conservador é o amor pelo que faz parte do mundo real. Scruton cita Hannah Arendt, em seu magistral “A promessa da política”, quando ela aponta que o totalitarismo, corporificado no comunismo e no nazismo, rompe com a tradição de dois mil anos dos gregos em reconhecer a existência e a liberdade (liberdade também como aquele que discorda do outro), sendo que os socialcomunas defendem o oposto a liberdade, são arredios àqueles que são contrários à idéias socialcomunas, pois não passam de radicais puritanistas – a princípio eles sempre estão se camuflando como defensores da liberdade – na prática a história prova que acontece sempre o oposto do que os socialcomunas pregam, o que eles dizem defender são apenas estratagemas, narrativas, por meio de retóricas, idéias falsificadas que acabam por se concretizar em totalitarismo e miséria.
Não devemos permitir que joguem fora nossas identidades como seres sociais, essa tradição merece ser transmitida por conter em si conhecimento sólido proveniente de nossas raízes. Scruton ainda defende que diante de qualquer novidade um progressista se entusiasma e diz, como já foi citado; “porque não?”, enquanto que um Conservador faz a pergunta mais correta ao duvidar das novidades antes que acabem com as tradições sem nenhum embasamento realista, e assim um Conservador pergunta “Por que sim?”, diante da preocupação real de investigar antes de aceitar as ‘novidades’, como um procedimento muito saudável para evitar equívocos e erros grosseiros que servem apenas para atentar contra o que é prudente e razoável.
A sociedade americana e inglesa nunca se constituiu em representantes do atraso, muito pelo contrário, esse é outro grande argumento a favor do Conservadorismo, duas das sociedades mais desenvolvidas do planeta, Conservadoras em sua essência, possuem também a vocação inovadora e de forte perfil empreendedor.
Ao não acreditar – de maneira inocente e nem pueril – na ‘bondade’ natural do homem, os Conservadores consideram que um bom limitador para o comportamento humano são os constrangimentos introduzidos pelos hábitos e tradições que permitem assim um bom funcionamento da sociedade.
É preciso considerar que existe uma imperfeição intrínseca da natureza humana, a história nos mostra isso, assim, os Conservadores consideram o individualismo e o coletivismo prejudiciais para as relações em sociedade bem como as promessas de liberdade irrestrita que acabam conduzindo a população para o oposto do que se deseja, o resultado novamente se prova ser o indesejado de um Estado como um suposto ‘deus’ da sociedade, normalmente na figura de um ditador com resultado prático negativo que aponta para o totalitarismo, o que também compromete a permanência de uma sociedade com consciência coletiva, contrária ao coletivismo que é a anulação do indivíduo, que – de tão alienado quanto alienante – passa a funcionar como multiplicador da miséria alheia e como destruidor de vidas.
Conservadorismo
Que ou o que conserva; conservante. Normalmente é contrário a mudanças ou adaptações de caráter moral, social, político, religioso etc. Que ou quem é membro de um partido Conservador. Funcionário encarregado da guarda, administração e conservação de bens, monumentos e objetos pertencentes a instituições públicas ou privadas, como museus, bibliotecas. Característica do que é Conservador, avesso a mudanças, tradicionalismo, espírito Conservador, etc. Semelhantes; acomodado, antiliberal, antiquado, atrasado, bolorento, caduco, caturra, embolorado, mofado, passado, quadrado, reacionário, sebastianista, tradicionalista, ultrapassado. Aqui fica muito claro e muito óbvio a tentativa de pessoas com ideologia progressista de esquerda na tentativa de colar a pecha de que ser Conservador é como defender o atraso, mas será que na prática é mesmo assim? Palavras opostas; aberto, avançado, contemporâneo, hodierno, inovador, progressismo, reformismo, liberal.