Por enquanto, sinto-me na obrigação de gastar boa parte ou quem sabe a totalidade do meu tempo da minha vida com o meu instinto de sobrevivência (direta ou indiretamente não preciso pensar muito nisso; é automático), o instinto natural de sobrevivência é algo comum a todo o ser humano, nos últimos tempos esse tema ganhou status elevado, às vezes distorcido, em que a sociedade prefere chamar esse movimento de egoísmo, ambição, ganância, às vezes confundido com resiliência, garra, determinação, porém, algo assim possui palavras em excesso sem o devido sentido prático e real, o que não deixa de ser desafiador exercitar o tema de maneira equilibrada. Não há mecanismos seguros de viver nesse nosso mundo sem se preocupar com a própria vida, é fato de que isso acontece assim para toda a humanidade, sem exceção, por todos os séculos de nossa existência tem sido assim, enquanto não possuímos uma realidade melhor do que é essa, da qual nos impingimos tal situação, preocupamo-nos com a manutenção individual da própria vida. Por outro lado, de maneira canhestra o instituto da sobrevivência pode servir de desculpa para quase a totalidade do mal na Terra. A manutenção de toda a vida é importante, de um modo geral, a vida de todos, de qualquer pessoa, em qualquer lugar; é importante sempre! Porém, existem os problemas das ideologias em torno do assunto (nenhum cuidado com as utopias nunca será exagerado!), de utopismos já estamos fartos, são ideias desconectadas como algo da imaginação humana colocadas (empurradas) de fora para dentro que só servem para piorar o que muitas vezes já está muito ruim, ideologia é algo que nasce da cabeça vazia de algum intelectual frustrado, barbarizado por si mesmo, gente sem caráter, ególatras, psicopatas, descontentes com a própria realidade (ou melhor; um tipo de diabo querendo ser deus) bandidos, enganadores, prestidigitadores de ideias malfadadas que culminam em terror e totalitarismos, imbecilidade auto infligida, pensamentos diabólicos disfarçados de Bem-Estar-Social, e por aí vai.

Não pensar na própria sobrevivência é uma estupidez que pode acarretar o fim antecipado da própria vida, um escravo solidário e voluntário, espontâneo; ainda é um escravo, candidato ao sofrimento eterno, voluntarismo estúpido e miserável, subservilismo pueril, não há razoabilidade para quem não defende a própria vida sem cair em idiotices. Por outro lado, as ideias que tentam empurrar comportamentos de fora para dentro na humanidade, se impondo ao outros do tipo ‘goela-abaixo’, coisas absurdas que não correspondem com a nossa essência de (auto)desenvolvimento; são coisas terríveis. As ideologias negam a realidade e têm se mostrado do mais alto nível diabólico, a sociedade é uma amálgama de conflitos, confusões de ideias, idiossincrasias, de alguns comportamentos espontâneos misturados com outros induzidos, programados. Os utopistas geralmente são materialistas que querem ser como deuses e se disfarçam de ‘intelectuais’, são ilusionistas da palavra, sofistas, falsos filósofos com suas retóricas distorcidas que na verdade são reengenharias milimetricamente arquitetadas, desgraças travestidas em ‘salvações’; sempre fantasiosas.

Nas mãos destes psicopatas somos apenas um objeto transitório impotente, veículos temporários usados como trampolins, seres sem vida. Daí surgem todos os problemas dos quais deixamos confundir as ideias e perdemos a noção de realidade, mentiras já transpassaram a verdade em número, gênero e grau, fazendo com que o carro hoje seja tratado como sendo mais que o piloto, é como o rabo que balança o cachorro, o carrapato sendo mais importante que o boi, porém, o veneno das palavras não é capaz de esconder por muito tempo a falta de sentido nas ideias, o vazio que só pode ser preenchido com mentiras e distorções advém de todo tipo de progressismo vocabular. O besteirol ideológico é gigantesco, por falta de sentido lógico e prático só resta à turba-do-mal praticar a difamação do outro que não pensa igual a eles, o que simplesmente demonstra ainda mais a insignificância das ideias dos ideólogos progressistas.

Uma coisa é o “Eu” como ser individual permanecendo com certa preocupação quanto a manutenção da própria vida, porém, não somos apenas seres biológicos, isso não é suficiente para quase a totalidade da humanidade. O ser humano é antes de mais nada uma ideia, e ideias são geralmente criadas por meio do uso das palavras, e as palavras podem ser manipuladas e passam a ser o veneno disfarçado de cura. Somos seres sociais que possuem necessidades complexas, carências, personalidades, incoerências, imperfeições, necessidades emocionais, físicas e psicológicas, autoafirmações, sentimentos de orgulho ou vergonha, ódio ou amor, inveja ou admiração, indiferença ou sublimação, e por aí vai. O troço-todo desanda a ponto de quase ninguém saber mais as nuances dessas miscelâneas perdidas nas frases. Assim, alguns não sabem para onde estão indo e o que estão dispostos a fazer a fim de chegar a um lugar do qual sequer sabem a direção. E o que pretendem fazer com tudo aquilo que pensam desejar? As vontades são imperfeitas, a maioria das pessoas sequer sabe se suas vontades são reais ou ilusórias, se são naturais ou incutidas, e o resultado de suas ações muitas vezes são diametralmente opostas ao que antes parecia estar tão claramente definido.

Se não sabemos para onde estamos indo, se não sabemos o que fazer com aquilo que conquistamos, se ao alcançarmos nossos objetivos o vazio existencial fica ainda maior do que antes, se a matéria não acalenta a alma, se o espiritual não passa de uma promessa ainda obscura, sem sentido prático, fica muito fácil de perceber que a Trajetória-da-Queda não só foi iniciada, como é coisa muito real e provável. Infelizmente podemos estar de fato muito próximos da queda final. A única resposta que ainda faz algum sentido é que a Filosofia-Cristã é nossa única saída moralmente descente e coerente, o seu oposto é tudo uma questão de fé-falsa, religião-falsa, ciência-falsa, deuses-falsos. A sobrevivência individual é a favor da VIDA, já o coletivismo; NÃO. Mas o coletivismo sempre consegue uma roupagem ‘bonitinha’, tudo imperfeito e insatisfatório, mas ‘bonitinho’. O coletivismo é a morte em vida.

Nossa única esperança realista é cuidarmos de nós mesmos para depois termos alguma condição mínima a fim de cuidar também dos mais próximos e necessitados, e a Filosofia-Cristã se mostra como o único e melhor caminho, e hoje está mais forte do nunca!

P.S. Se possível leiam todos os livros de G.K. Chesterton, mas não deixem de ler em especial “O Homem Eterno”, “Ortodoxia” e “Hereges”. Este texto poderia ter vários títulos, a saber; “A Morte em vida”, “Enquanto Sobrevivo”, ou quem sabe… “O Mundo Sem Palavras”.

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