Você se surpreende ao presenciar uma conversa entre dois ‘músicos’ em que o assunto gira em torno de como produzir e compor uma música com apenas dois acordes. Em um famoso museu muito conceituado da Capital Paulista, em outra oportunidade distinta onde acontece uma exposição de arte contemporânea, você se depara com quadros que temas direcionados exclusivamente a diversas questões sexuais; como pedofilia, política de gênero, sexualização de crianças e muitos outros quadros com todo tipo de degradação humana dos valores por meio do sexo. Em uma apresentação de teatro, em outra oportunidade isolada, os ‘atores’ se reúnem em um círculo humano de idiotismo – estão todos nus – a ‘encenação’ começa e a única coisa que se pode perceber com clareza é que a atividade se refere a uma ‘brincadeira’ de roda, com as pessoas realizando gestos indecentes, enquanto continuam a girar uma está cutucando o traseiro da outra. Em uma bienal de artes em uma cidade distante da América Latina, um cãozinho permaneceu amarrado a um ‘portão’ em uma sala de museu fazendo o tipo ‘instalação’, mais uma das perversões da arte como se fosse uma ‘exposição’, um tipo ‘descolado’ de falta de talento misturado com “revolução” hedonista e niilista. O pobre cachorrinho ficou agonizando por dias sem comida e sem água sucumbindo por completo até a morte.
Devemos nos perguntar – “A busca pela beleza perdeu a importância?”
O belo, pautado como noção de perfeição e de verdade por filósofos como Platão, algo que passou de uma busca de vida para se transformar nos dias atuais em algum tipo de aberração das ilusões ‘materialistas’ por meio de um tipo de homem ignorante contemporâneo travestido de pseudointelectualidade, desejando estar revestido de algo que não passa de um vazio existencial. Aristóteles tinha na beleza a busca da proporção, harmonia, simetria, ordem, uma libertação pela arte, o era objetivo a ser atingido por todos os seus admiradores. A exaltação do belo foi uma busca, uma referência, um princípio básico na produção da arte por muitos e muitos séculos, um contraponto essencial quanto a realidade humana – uma busca que talvez nunca volte a ser uma referência como já foi no passado, pois as pessoas estão cada vez mais agindo por automatismos.
Da Vinci aplicou em suas obras o conceito de – Proporção Áurea da matemática, uma constante real da algébrica irracional – a intenção de obter o que se considerava a época, como a relação ideal das proporções métricas. Em obras como “A Monalisa”, “Homem Vitruviano”, “A Última Ceia”, essa relação pode ser encontrada utilizada por muitos artistas e arquitetos como uma medida de referência na harmonização das partes, simetria na produção de arte em geral, no design e na arquitetura, essa proporção também pode ser encontrada na própria natureza. Na literatura o escritor G. Flaubert buscava a palavra perfeita com estilo literário impecável, autores como Camões, Goethe, Proust, Dostoievski, Vitor Hugo, Kafka, Machado de Assis, Cervantes e muitos outros receberam o respaldo do tempo na perpetuação de suas realizações artísticas; como ferramenta incontestável de comprovação de excelência literária temos o tempo e a tradição. Na música temos compositores como Bach, Mozart, Beethoven e tantos outros que dedicaram suas vidas a entender e a promover a boa arte como ponto elevado da vida do homem na Terra.
O termo “Alta Cultura” pode representar a vontade do homem em superar as dificuldades da vida humana no mundo e também dar uma resposta positiva corroborando quanto ao reconhecimento da existência de algo superior, reconhecimento quanto ao mistério da vida e do universo por meio do fazer artístico como a prática permanente da arte, cultura geral, filosofia. Há de se considerar que também o termo “Alta Cultura” pode remeter a ideia de que existe o seu oposto, uma cultura ‘Média’, mediana no pior sentido ou mesmo uma cultura muito inferior, uma “Baixa Cultura”, de fato pouco se sabe quais objetivos artísticos alguém pretende alcançar por meio de se produzir um trabalho em que a primazia é só uma palavra perdida no tempo. Assim como ocorre na tentativa de acabar completamente com a riqueza em nome do combate à pobreza, podendo significar na prática que – ao não existir mais o oposto de pobreza – a sociedade poderá ser toda, por completo; miserável, pois, sem o devido referencial, a pobreza deixa de ser esse problema social que muitos fingem combater com real intenção de ampliá-la. Ao não existir mais grandes escritores, grandes compositores, grandes pintores, bons artistas de todas as variantes da Alta Cultura, é possível afirmar que aconteceria o mesmo com relação ao ‘combate’ a riqueza? Acredito que sim! Se todos os artistas de um determinado período presente são péssimos representantes da arte atual, a consequência é direta com relação ao entendimento do que é boa arte. Assim, qual é o real motivo de existir o conceito de “Alta Cultura” para os dias de hoje? A estratégia do mal e até simples, se não é possível destruir a tristeza, o mal quer destruir a ideia de felicidade, se não é possível acabar diretamente com a pobreza, atacam a riqueza até que todos se tornem miseráveis, se não é possível destruir o transcendente, incentivam a loucura, a impureza, a indecência, o cria-se o indigesto. Se toda a cultura se tornar péssima não haverá mais nenhuma referência para Alta Cultura.
Dessa maneira é possível imaginar que em algum lugar de um ponto futuro não muito longínquo, que haverá fragmentos da “Alta Cultura” a serem encontrados como restos de uma civilização distante, seria o mesmo que encontrar algum tipo de ossada de dinossauros, a arte seria percebida como pedaços de coisas estranhas, partes, restos biológicos daquilo que um dia representou o conceito de beleza, conceitos perdidos da Verdade e do Bem Supremo. Os antropólogos do futuro dirão que houve em algum momento uma civilização de Elevado Saber, mesmo sem possuir nenhuma noção nesse tempo futuro o que seria de fato esse Elevado Saber. Os paleontólogos dirão que não há indícios suficientes para afirmar que isso existiu. Essa tal de “Alta Cultura”! Na arqueologia alguém poderá escrever um artigo se referindo ao fim da humanidade por meio da decadência da arte? Alguém mais desatento poderia até perguntar; “o que é isto, arte”?
A degradação da arte não passa de um estratagema de desumanização, um mecanismo sórdido implantado sorrateiramente por aqueles que, mesmo cientes de que não acreditam no que dizem, conseguem reproduzir na vida prática – assim como os histéricos – os subprodutos de suas rupturas morais.